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19 de Abril de 2024

OPAS: Programa Mais Médicos permite que reserva indígena no Pará tenha médico exclusivo

Publicado por Anne Kannes
há 8 anos

O cacique da aldeia, Jakamiramé Assurini, afirmou que a presença do médico ajudou a diminuir os índices de mortalidade entre os indígenas através dos cuidados de saúde e acesso a remédios.

A Reserva Indígena Trocará está localizada a 24 km ao norte do município de Tucuruí e a aproximadamente 432 km de Belém, capital do Estado do Pará. Pela primeira vez, a reserva conta com médico exclusivo. Desde março de 2014, o cubano Michel Almaguer Riberón, integrante do Programa Mais Médicos, atende a comunidade.

“Para mim, é uma experiência única na vida, porque a gente só conhecia índios por literatura, por livros. É uma experiência inigualável na riqueza cultural que eu estou conhecendo. E eu estou fazendo também o curso de Antropologia em Saúde, dentro da especialidade de Saúde Indígena, que forma parte do nosso trabalho no Programa Mais Médicos.”

A rotina de Michel inclui o atendimento a mais três aldeias dentro da reserva, além da aldeia principal, Trocará. O médico permanece por uma semana dentro da reserva fazendo as visitas. Ao final deste período, retorna ao município de Tucuruí, onde faz o curso de especialização, resolve questões administrativas de saúde das aldeias e tira seus dias de folga, até retornar para mais uma semana dentro da reserva.

O presidente do Conselho Regional Indígena da Reserva Trocará, Waitahoa Assurini, elogiou o Programa, a agilidade para marcar consultas e a facilidade de ser atendido dentro da própria comunidade. Já o cacique da aldeia, Jakamiramé Assurini, afirmou que a presença do médico ajudou a diminuir os índices de mortalidade entre os indígenas através dos cuidados de saúde e acesso a remédios.

Segundo o médico cubano, os maiores problemas da comunidade indígena são anemia por déficit nutricional, parasitismos, disenteria e a falta de higiene e condições precárias de vida. Além de combater diretamente as doenças, Michel faz palestras de conscientização nas aldeias. “É uma experiência que nós aprovamos. Foi muito boa a presença dele aqui. Ele é um parceiro da escola, e teve a excelente ideia de dar palestras sobre saúde para os alunos”, diz o professor da reserva, Wairemoa Assurini.

Michel conta que os índios são muito reservados, muito fechados ao diálogo e que no início é muito difícil conseguir a confiança deles. “Até para eu me aproximar deles era difícil no começo. Você tem que ir devagar e ter muita atenção e cuidado com eles. Mas, quando eu finquei o pé aqui nessa aldeia, senti que fui muito bem acolhido por eles, até o dia de hoje”.

O Programa Mais Médicos está presente em todos os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas do Brasil, contando com 292 médicos cubanos.

A previsão é de que o médico Michel Almeguer Riveron permaneça até março de 2017 trabalhando no país.

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O fato de algumas comunidades estarem se beneficiando da presença de médicos onde não havia não justifica a escravização dos profissionais contratados por meio da OPAS.

Há um forte indício de que os médicos cubanos não fizeram o revalida não foi porque o Ministério da Saúde tenha achado que eles não tinham capacidade de serem aprovados, mas para impedir que eles praticassem a medicina fora do programa Mais Médicos.

Médicos recebendo menos que o mínimo nacional para a categoria fere qualquer legislação trabalhista vigente, argumentar que recebem moradia e alimentação é justificar que escravos mantidos nos locais de trabalho recebendo alimentação e moradia estão sendo remunerados de forma condizente. Sou contra a legislação trabalhista e qualquer salário mínimo, mas é muito imoral um Estado que imponha que empregadores privados cumpram tal legislação e ele mesmo terceirize serviços sem atentar para a legislação que o próprio estado baixa.

Pagar mais pelo serviço de um profissional que aceita pagar menos atenta contra o interesse da administração pública. Pois se o médico aceita trabalhar por R$ 2500,00 (http://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2014/02/28/governo-anuncia-aumento-no-salario-repassado-a-medicos-cubanos.htm), como o governo pode aceitar pagar R$10000,00 para a OPAS? O mais econômico seria a contratação direta de tais médicos.

Ao meu ver, por meio da exaltação de alguns efeitos positivos, a matéria publicana neste fórum tenta legitimar uma prática escravocrata altamente condenável por quaisquer padrões morais. continuar lendo